Ia tão bem no meu caminho... Tenho raiva de ter que ter esta vida, queria viver outras coisas, e tenho uma vida tão triste, em que eu tenho que ser tudo, ser forte, pensar em tudo.
Ilusões que me deixam asim. Tenho que voltar ao meu caminho, à vida que tenho.  Vou conseguir.

Ficou um vazio... Vi o outro no ginásio, mesmo ao meu lado, os dois ali sozinhos, podíamos ter conversado, brincado os dois e nada, cada um para seu lado. Deixou-me triste, já há tanto tempo que não o via. Até não é muito de mim não voltar a falar, mas o outro está me sempre a dizer que ele goza na minha cara. Eu acho que devemos por o orgulho de lado, devemos é aproveitar a vida. Mas foi ele que errou e não voltou a falar comigo. Depois também não sei se o que ele publica é sobre mim. Se não é, iria andar ali atrás dele feita parva, se realmente é, e eu acho que sim, mostra que ele é muito muito menino. Por alguma razão um homem bonito está sozinho.
Primeiro, não diz nada nas mensagens, não tem assunto, não conversa.
Segundo, faz asneiras e depois em vez de mandar uma mensagem anda a publicar coisas, não consegue dizer as coisas diretamente. É mesmo de menino. E eu consigo ver isto tudo, mas não o esqueço, não perco o interesse nele, porquê?
Talvez por ele estar sozinho, por ter passado uma manhã maravilhosa com ele e talvez por achar que ele gosta de mim, que o que ele publica é sobre mim, também há coisas nele, que gosto, verdade.  Mas depois penso que ele não me merece, sou coisa a mais para ele. E que ele é um menino.
Por outro lado há o outro. Frio, gosta de vingança, rancoroso, e eu ando sempre atrás dele. E também não sei bem o que me atrai nele. Mas é de uma personalidade forte, eu gosto, inteligente, e tem um lado bom mas que é tão difícil ter um bocadinho desse lado.
Só consigo sentir interesse nos homens que são assim, é triste. Tenho um que anda sempre atras de mim, que nunca se zanga comigo, não me magoa, e eu faço o que quero dele.

Andava eu tão bem no meu rumo, concentrada na minha vida... Tinha que te ver, tinhas que estar mesmo ao meu lado... Mas verdadeiramente, és um menino... Ao pé de mim não passas de um menino, bonito, mas um menino, não um homem.
O outro, não, é um homem, todo poderoso... Que sabe. Paranoico, é verdade, mau. Mas há algo nele que eu gosto.

Mais uma vez, é apenas só mais uma vez. Mais uma vez que vejo o meu marido tão mal, a vomitar, com diarreia. Assim ainda não o tinha visto.
Sinto-me tão farta da vida, é mesmo isso, farta da vida. Tão sozinha. Cada um ocupado com as suas futilidades, a minha mãe, a minha cunhada, os meus cunhados. Todos. E eu tenho que cuidar dele, a cada segundo, pensar por ele, cuidar dele como se cuida de uma criança de meses. Sozinha, sempre sozinha. As pessoas que ainda ia tendo todos os dias, tive que afastar delas.
Às vezes apetecia-me pegar na minha filha e fugir com ela, não querer saber de mais nada, fugir, ser livre, viver apenas eu e ela.
Preciso tanto de descansar, eu sei.

Passei o fim de semana com a minha filha apenas. Custa-me muito porque já me faz sentir quando ele não estiver cá. Passo o tempo a pensar no futuro, a imaginar o que vou passar, eu sei que não devo. Anda tudo tão confuso à minha volta. Deixei o trabalho que tinha, a amiga que tinha... Rotinas novas, trabalho novo. Mas ao mesmo tempo que penso em tudo, sinto tão orgulho em mim, mas tanto tanto tanto. Sou uma mulher mesmo forte. Vivo muito só, e em mim própria encontro o equilíbrio, encontro a esperança, encontro a força. Tenho andado bastante ansiosa porque me veio o período, hoje fui para o meio da natureza caminhar, correr, subir escadas, descer escadas, mandar tudo de mau que andava em mim cá para fora. Agora fiquei aqui sozinha em casa e a minha vontade era chorar, ir beber, ir para a cama, mas consegui ser mais forte e fui cuidar de mim.
Tenho a certeza vou enfrentar isto tudo, tenho a certeza que vou encontrar o equilíbrio dentro de mim. Mas também estou a descobrir o quanto o meu marido é a minha vida, é o meu maior amparo.

Estou um caos...
Estou quase a mudar de trabalho... Ansiedade
Começa o a aproximer-se a parte pior do tratamento do meu marido... Medo, ansiedade.
Estou cansada, de tanta luta, de tanto medo, de não ter paz, de não ter uma vida normal.
Cansada do medo daquilo que pode vir.

Encaixas tão bem em mim.

É bom andar iludida, e sei que ando contigo, mas não tem mal.
Gosto da tua doçura e, até posso estar enganada, mas acho que sentes o mesmo por mim. Agora até estas coisas são diferentes.

Será muito difícil entender que gosto de ti?

Um dia vais querer e não vais mesmo poder, mas deixa lá, vamos ser os dois.

Está um lindo dia de sol, ouço os passarinhos, parece primavera.
E eu? E a minha vida?
Penso que a minha vida até podia estar pior, o meu marido foi com os escuteiros, quando ainda ontem foi fazer quimioterapia. Tenho uma casa linda, tenho a possibilidade de vir trabalhar para ao pé de casa, de poder acompanhar mais o meu marido, de trabalhar para mim própria. Sim, isto é tudo muito simples pensando racionalmente.
Assusta-me o tratamento do meu marido, tenho medo que algo não corra bem e depois o resto, tenho tanto tanto medo. Imagina-lo tanto tempo fechado num quarto... tanto tempo sem ele aqui em casa, imaginar que vai ter que levar com alta dose quimioterapia e o pior de tudo, esta menina... nem quero escrever aqui para tentar não pensar.
A mudança que vou fazer, tenho medo da mudança. Vou deixar as minhas colegas, vou deixar uma das melhores pessoas que conheci, que me alegra tanto os meus dias com o sorriso dela, com aquela alegria, a quem conto os meus medos, e sabe sempre fazer-me ver as coisas de forma descomplicada. Tenho muito muito medo de me vir a sentir sozinha. Tenho muito medo de depois me sentir uma pessoa mais triste.
Vou ter que arranjar tempo e força para não desistir do ginásio que é das coisas que mais bem me faz.
Vou ter que organizar as minhas rotinas.
E depois os homens... Cada vez estão a ter menos importância, e apesar de tudo, ajudavam-me muito, conseguiam-me iludir e ao iludir davam-me vontade para continuar, vontade de me arranjar, de me cuidar, faziam-me sonhar. Acho que os homens foram muita vezes a minha força.

Perante isto tudo tenho que conseguir continuar porque a vida não pára. Mas em mim é muita coisa, é muita mudança. É muita bagunça na minha cabeça.
Às vezes quero ser a mulher perfeita, mas vi que isso para mim é impossível. Deixar de haverem homens na minha vida, parece que é apagar a minha natureza. Muitas vezes sofro com isso porque a coisa que mais queria neste momento é fazer o meu marido o mais feliz possível, porque amo-o tanto. Há coisas que tenho que saber aceitar, não me martirizar com isso e saber conciliar, porque enquanto tenho isso vai-me ajudando. Será que depois vou conseguir arranjar tempo e forma de o fazer?  Outra coisa que me assusta.
É como se dentro de mim só existissem monstros, monstros, monstros e eu tenho que lutar contra eles. São tantos, são tão fortes e eu tenho que ser mais forte do que eles.
A minha filha, saber conciliar tudo com ela. O pai sempre foi o pilar dela, em tudo, o exemplo para ela.
Já tive mais força, já estive mais otimista. Agora está-me a vir o meu "modo complicado".

Agora que já desabafei o pior, vamos descomplicar a vida.